Um grupo de pesquisadores publicou um estudo indicando que o Brasil não conseguirá atingir a meta de eliminação da tuberculose (TB) até 2030, objetivo estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Mesmo com a implementação de diversas políticas públicas e estratégias de controle da doença, os dados indicam uma maior incidência da doença nos próximos anos.
Publicado no periódico científico internacional The Lancet Regional Health – Americas, o estudo analisou números de vigilância da doença de janeiro de 2018 a dezembro de 2023. No último ano do período, a taxa de incidência foi de 39,8 casos por 100 mil habitantes.
O resultado está bem acima da meta estabelecida pela OMS, que é de 6,7 casos por 100 mil habitantes até 2030. As projeções indicam que, se as tendências atuais se mantiverem, a incidência de TB no Brasil será de 42,1 por 100 mil pessoas em 2030, bem distante da meta para os próximos cinco anos.
Entre os principais obstáculos identificados no processo de reversão do cenário está a alta taxa de tuberculose em populações vulneráveis, o que impacta significativamente na incidência geral da doença. A lista inclui pessoas vivendo com HIV e diabetes e aquelas que estão encarceradas.
Além disso, há fragilidades na cobertura e adesão a estratégias essenciais para o controle da doença, como a Terapia Diretamente Observada (TDO) e o Tratamento Preventivo da Tuberculose (TPT). As taxas de investigação de contatos também estão abaixo do ideal.
Outro ponto negativo destacado na pesquisa são os recursos limitados e a falta de estabilidade nos investimentos destinados ao controle da TB, principalmente na última década. A pandemia da COVID-19 também impactou o cenário.
É possível reverter isso?
O estudo identifica algumas possibilidades para reverter a situação e acelerar o progresso em direção à eliminação da tuberculose no Brasil, mas também destaca que nem mesmo os cenários mais otimistas devem permitir que o país atinja a meta até 2030.
“Somente a intervenção mais intensiva, combinando melhorias anuais de 30% de 2024 a 2030 em todos os preditores críticos, foi projetada para atingir as metas globais de eliminação da TB. No entanto, esse cenário é irrealista do ponto de vista da saúde pública, exigindo melhorias extensas e rápidas nos métodos existentes de controle da TB e políticas de saúde adaptadas para reduzir significativamente os casos de TB entre populações vulneráveis em um período limitado”, alerta o estudo.
Para atingir um resultado menos negativo, é necessário focar nas populações mais vulneráveis, fortalecer os programas de controle e triagem e o acesso ao tratamento, especialmente na Atenção Primária à Saúde (APS).















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